sábado, 29 de julho de 2017

Trânsito de Urano IV





ESTUDOS ASTROLÓGICOS: Urano em Trânsito IV

Interpretação de Urano em Trânsito

Na interpretação de trânsitos no geral, a característica do planeta conforme já foi explicado, significa um conhecimento essencial pelo andamento eficaz do processo analítico astrológico das previsões.
Continuando nessa ordem, para o momento convém um estudo do assunto, baseado novamente no livro: “Que Significam os Planetas no Horóscopo?“ do autor Hélio Amorim sobre o planeta Urano, como se segue:

A Motivação de Urano

Os planetas são motivações que são os motivos que se tem para viver. O mapa de nascimento representa um potencial. Potencial é tudo aquilo que se pode transformar em trabalho, em ato, que se pode tornar atual. O mapa, portanto não representa a realidade atual, sim as suas possibilidades latentes que terão ainda de serem desenvolvidas. Isto é que são os planetas. Cada planeta é uma motivação, ou seja, uma árvore que vai fazer nascerem vários desejos.
Os desejos surgem do que? As motivações nascem com o sujeito. Basta ser um “ser” que pertence à espécie humana para se ter as mesmas motivações, da mesma intensidade de da mesma qualidade, mas não se nasce com o desejo. O desejo nasce do confronto entre a motivação que é interna, que nasce com ele; e o objeto desejável do mundo externo. Ele nasce com a motivação, mas depende de ver a coisa: se ele nunca viu banana, como é que ele pode ter vontade de comer banana? Isto é um fator completamente extra-astrológico, ou seja, todos têm a mesma fome, mas nem todos entraram no mesmo restaurante, nem todos leram o mesmo cardápio. Por isso que se cria um desejo diferente. Cada planeta é uma motivação. [...]

Urano é a oitava motivação ou impulso que é a necessidade de Libertação.

Urano representa origem; aquilo que é eternamente.

Urano representa o arquétipo do homem prefeito, do homem celeste. Onde estiver Urano no mapa do indivíduo ali está o máximo de possibilidades nas quais ele acredita. Não quer dizer que ele acredita nessas possibilidades o tempo todo e nem que ele procura realizá-las, Urano é aquilo que eu seria se eu pudesse sair do tempo, se eu pudesse ter o dom da eternidade. A eternidade como a posse plena e simultânea de todos os seus momentos, porque tudo que eu quero ser tem sempre uma implicação contrária.
À medida que você sai do plano temporal e entra no plano da eternidade, você tem a posse plena e simultânea dos seus momentos. Isso quer dizer que onde está Urano no mapa é onde o indivíduo sente que estaria completamente livre de quaisquer restrições, mas também onde ele sente o pavor de sair do fio do tempo e, portanto, de perder a sua forma, a sua estrutura e de ser destruído por essa mesma intensidade de vida.
Isto pode ser visto, ao mesmo tempo, pelo indivíduo, ora como uma liberação e ora como uma destruição completa. Nos momentos em que ele se identifica mais com as partes intemporais do seu ser, ele encara isto como uma libertação; mas, na hora em que ele se lembra que tem um corpo, que gosta de ter um corpo, uma vida pessoal, no mesmo instante começa a lhe parecer como algo assustador.

Vamos supor Urano na casa XII, por exemplo. A casa XII é tudo aquilo que ligando o indivíduo a um sistema maior do que a sociedade faz com que ele perca a identidade social.  Se Urano está na casa XII, onde é que o indivíduo tem o máximo de possibilidades? Ele vai encontrar esse máximo de possibilidades ou essa libertação sempre que ele volta as costas a tudo aquilo que é visível e óbvio, ou seja, à vida de todos os dias, às tarefas de todos os dias. Na medida em que vira as costas a isso ele perde todas as possibilidades pela identidade social.

É que a  XII é oposta à casa VI. A casa XII se opõe à VI que é a conquista de um lugar no sistema, a sua identidade social, que na maior parte das vezes é definida por uma tarefa, seja uma tarefa doméstica, um emprego, ou qualquer coisa assim. É a tarefa que o caracteriza e, na medida em que o caracteriza, o distingue dos outros e lhe dá um lugar específico no qual ele pode de certa maneira se apoiar. Por isso a casa VI corresponde à sexta motivação que é representada por Júpiter, a comunhão.

Júpiter representa sempre a ligação da parte com o todo, o liame orgânico que faz com que cada pedacinho esteja conectado a uma totalidade. Todas as realidades que nós conhecemos são feitas de uma reunião de partes. Esta reunião de partes é possível porque cada parte considerada em si mesma tem dois aspectos que fazem com que por um lado ela seja um indivíduo, que tenha unidade, e por outro lado que ela seja hierarquicamente submetida a uma unidade maior. Este é o princípio das Unidades Coletivas.

No mito, Urano é ao mesmo tempo a possibilidade infinita, mas essa possibilidade permanece irrealizada na medida em que os filhos gerados são devolvidos ao interior da terra, devolvidos ao inferno, ao tártaro. É mediante a castração do pai, que surge o princípio da forma e da beleza que é Vênus. Toda realização começa mediante a castração de uma possibilidade. Quando você separa e diz: “Não quero isto”, é aí que você começa a executar alguma coisa.

No processo sucessivo de realização, de passagem da possibilidade para a realidade. Júpiter já se manifesta em toda a sua variedade, mas que não perde o seu caráter orgânico, sistemático e de unidade.

Urano é a vontade de ser. Urano tem relação com tudo aquilo que é grandioso no homem, ou seja, Urano corresponde ao nosso arquétipo celeste e ao modelo da nossa perfeição, que no nível humano ainda permanece como mera aspiração. Por isso Urano na mitologia é desenhado mais ou menos com os mesmos traços que o Deus cristão: um velho de barbas brancas que paira no céu e que é o Deus Pai, o Pai de todos os deuses e o Criador de todas as coisas. É a mesma imagem. Urano seria essa imagem do divino em nós. Urano está associado com as grandes palavras, tais como aquelas referidas ao Sol: dignidade, grandeza, honra, verdade, beleza.

Mas se você se lembrar do mito em que Urano gerava filhos em Gea e em seguida os devolvia ao inferno, ou seja, ao próprio corpo da mãe, isto significa que dignidade, beleza, verdade, honra, grandeza, ficam para nós como hipóteses, como possibilidades, que nós não a vemos em nós mesmos, exceto nos momentos de suficiente intensidade para que eu possa tentar realizar estas coisas, exceto nos momentos de amor e de heroísmo. É só aí que você vê isso, isto é, no momento em que você tem uma paixão ou comete um ato heróico. Porque na paixão? Na paixão você vê o que há de grandioso em você, porque o outro também vê, então você vê com os olhos dos outros. E quando o outro o abandona, acha que ele levou a sua grandeza embora, a não ser que você seja suficientemente experto para catar de volta. Para catar de volta, a condição sine qua non é que você não diminua o outro, porque se você o diminuir, você vai achar que tudo o que viu de grande em você também era mentira.




Para auxiliar pelo bom entendimento deste texto com muitas figurações ilustrativas e simbólicas, aconselhável se torna a consulta ao mito grego sobre Urano.


(continua)